Renato Figueiredo

A Cachaça é o Brazilian Rum? Não mais!

  • Publicado 12 anos atrás

Sabe como alguns gringos chamam a Cachaça lá fora? De “Rum Brasileiro” ou Brazilian Rum. É assim que a Cachaça era exportada para países como os EUA, até o acordo discutido por Dilma e Obama na última segunda-feira (09 de abril de 2012). Isso soava quase tão absurdo quanto dizer que whisky é “cachaça escocesa”, ou que a vodka é a “cachaça russa”. É verdade que muita gente costuma chamar qualquer destilado de Cachaça. Mas essas pessoas não conhecem ainda as peculiaridades da nossa Cachaça. Dizer que ela era o “Rum Brasileiro” tirava toda a individualidade da bebida nacional, além, é claro, de passar uma informação errada.

O Rum é feito do melaço da cana, o que garante a ele um sabor diferente do da Cachaça. A nossa Pinga pode ter um sabor com mais “frescor” que o primeiro, por ser obtida diretamente do caldo da cana. Por ser feito do caldo da cana, a Cachaça de alambique só pode ser feita no período de safra da cana-de-açúcar – já o melaço pode ser transformado em rum durante o ano todo. Além disso, quando se fala em Rum, as imagens associadas ao produto são diferentes daquelas do universo da Cachaça. Isso pode mudar totalmente a maneira de se enxergar, valorizar e se utilizar um produto: você tomaria “cerveja francesa” num churrasco? Não se soubesse que se trata de Champagne, certo?

São por estas e outras questões (tributárias e de distribuição, por exemplo), que alguns organismos nacionais vinham tentando fazer com que outros países (em especial, os EUA), passassem a reconhecer a Cachaça brasileira como um produto singular. Até hoje ela precisava ser exportada com os códigos comerciais e muitas vezes até a denominação “rum brasileiro” impressa na garrafa. Isto deve mudar nos próximos meses, a partir do acordo entre Dilma e Obama.

É interessante lembrar de uma marca de Cachaça Brasileira vendida lá fora – a Cachaça Leblon – que havia tomado uma atitude interessante. A marca resolveu fazer de sua própria campanha o slogan “Legalize Cachaça” (“Legalize a Cachaça”). Vira e mexe, promove em seus eventos a idéia de que a Cachaça deveria ser “legalizada” nos EUA, e explica a necessidade de se fazer essa “diferenciação”. Na versão americana do site da marca, era possível até assinar um manifesto em concordância com a ação, e também imprimir uma carta para ser endereçada aos responsáveis pelo assunto no governo americano.

Legalize a cachaça

Campanha Legalize Cachaça!

A ação foi interessante, pois ao mesmo tempo que desperta a curiosidade pela marca, fornece mais informações sobre a Cachaça. No site nacional da bebida, a campanha, traduzida para “Salve a Caipirinha”, tinha o endosso de Alex Atala e frisava a necessidade de a verdadeira caipirinha ser feita com Cachaças de alambique de qualidade. Tá aí mais uma prova de que com boa propaganda, a Cachaça pode ir longe!

O melhor da cachaça no seu e-mail

Assine o Mapa da Cachaça

loading...