Renato Figueiredo

Com quantas andorinhas se faz o mercado da cachaça?

  • Publicado 4 anos atrás

Renato Figueiredo compara o mercado da cachaça com o de vodka e whisky e desafia: quantas andorinhas são necessárias para se criar o mercado da cachaça?

Quantas marcas de vodka você conhece? Citem nomes. Uma, duas, três… quatro… Pronto. Já começa a ficar difícil, para um consumidor médio de bebidas alcoólicas lembrar de outras marcas da aguardente russa. E de Whisky então? Quantas marcas te vem à cabeça, se você não é um apreciador? Duas? Três? E quando o assunto é cachaça artesanal?

Se pensarmos na versão industrial da bebida nacional, conseguimos talvez bater até a soma das duas acima. Cinco, seis, ou até sete: várias marcas são lembradas com mais facilidade. Quando o papo é cachaça de alambique, aí a coisa fica mais difícil – é verdade. Mas, espremendo um pouquinho sai uma ou outra famosa de Salinas, ou mesmo alguma que a pessoa conheça de sua região – isso se não estamos falando com aqueles que não acessam o Mapa da Cachaça, é claro ; )

Desenho de andorinhas

Com quantas andorinhas se faz o mercado da cachaça?

E o que isso conta para nós?

Que nem sempre é necessário muitas marcas para se fazer conhecida e valorizada uma bebida. Pensemos também no caso do vinho: quantas não são as marcas de chateaus, mas quantas são, efetivamente, conhecidas pelo consumidor médio (aquele que não é especialista ou conhecedor)? Seguindo esta lógica, fica claro que não é extremamente necessário que muitas marcas façam investimentos massivos no marketing e em sua distribuição, mas apenas 1 ou 2 (veja mais neste post aqui).

No entanto, a coisa não é tão fácil quanto parece. Algo assim exige grande investimento financeiro, uma excelente distribuição, uma boa estratégia de marketing e comunicação e muito, muito suor.

É aí que lembramos do outro sábio ditado: “a união faz a força”. Nesse sentido, associações de produtores com o intuito de produzir uma ou duas marcas expressivas de qualidade podem ser muito interessantes. Num modelo de cooperativa, quando uma mesma marca é construída num esforço de coletivo.

Como o vinho, a variedade é necessária e parte da identidade da categoria da bebida nacional. Mas é preciso fornecer ao consumidor aquelas opções nas quais ele possa confiar, aquelas 5 ou 6 marcas que sejam facilmente encontradas, e que forneçam a ele uma boa qualidade sensorial e uma boa experiência com a bebida bem feita. Ainda tem espaço para os pequenos se unirem.

Por isto, até a semana que vem, fica aí o dilema para se pensar: com quantas andorinhas, afinal, se faz o mercado da cachaça?

Ilustração de Mariana Pellegrini, gentilmente autorizada pela autora para uso neste post. Vá ao blog dela: http://maryinventamoda.blogspot.com

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