O copo americano se destaca por sua resistência, versatilidade e simplicidade, tornando-se um ícone da cultura de bares e botecos. Mas qual a sua origem?
A empresa Nadir Figueiredo nasceu no local conhecido como Largo da Liberdade em 1912, situado na região central de São Paulo, tendo como base uma oficina destinada ao conserto de máquinas de escrever e equipamentos elétricos.
Devido à dificuldade de reposição de estoque devido à crise de 1929, e influenciada pelo cenário político vibrante em São Paulo, finalmente a empresa adquiriu um novo rumo, direcionando-se para a produção de vidros, a metalurgia e a cerâmica.
Criado no Brasil em 1947 pela Nadir Figueiredo, o copo americano, apesar do nome, tem mais similaridade com a antiga União Soviética do que com os Estados Unidos.
O chamado copo americano ou copo lagoinha, tão popular no Brasil, é inspirado no design de um copo soviético de 1943, chamado de soviet glass (copo soviético), criado pela escultora Vera Mukhina, escultura amplamente conhecida graças ao seu monumento Trabalhador e Mulher Kolkhoziana, apresentado na Exposição Mundial de Paris em 1937.
No contexto do confronto geopolítico conhecido como Guerra Fria, o qual colocou os países de economia capitalista contra o bloco socialista, a denominação “americana” remetia ao equipamento importado diretamente dos Estados Unidos, usado na produção inicial dos copos pela empresa Nadir Figueiredo.
Atualmente, fabricada com maquinário genuinamente brasileiro, a peça se transformou em um produto versátil e duradouro, graças à sua simplicidade, resistência e custo acessível, além do design que proporciona uma maior estabilidade.
O “copo oficial” dos brasileiros ganhou tanta notoriedade que chegou até Nova Iorque, onde, em 2009, se tornou um dos ícones culturais expostos no Museu de Arte Moderna. Ele é usado para beber cafezinho, água, cerveja e cachaça, além de servir como uma medida padrão para receitas culinárias, como por exemplo, na preparação de bolos e arroz.
O copo americano padrão multiuso tem capacidade de 190 ml, quando medido da parte de baixo até a borda. Se preenchido até a marca de saliência no vidro, a medida é de 150 ml.
Já o copo americano para beber cachaça tem 45ml.
De acordo com a sommelière, bartender e autora de livros sobre bebidas, Deise Novakoski, a escolha do copo depende da finalidade para a qual será utilizado. Ela ressalta que, independentemente da bebida, as avaliações técnicas devem ser feitas em copos padrão ISO, desenvolvidos pela International Standardization Organization (ISO) com características específicas de materiais e medidas meticulosas para acomodar as particularidades do líquido.
Em 2023, foi também lançado pela Vista Alegre e Academia da Cachaça um copo elaborado para degustação de cachaças.
Para aqueles que não trabalham profissionalmente com cachaça e outras bebidas, Novakoski também enfatiza a importância de selecionar o copo adequado. Ela explica que a escolha do copo pode realçar ou diminuir os aromas da bebida. Embora ela não veja problemas em usar o copo americano, também não vê grandes vantagens nesse costume tradicional.
No caso específico da cachaça, Novakoski afirma que o copo americano não é ideal, pois copos com fundo redondo são necessários para impulsionar os aromas dos destilados. Copos com fundo cônico tendem a diminuir os aromas, prejudicando o apreciador na percepção das características da bebida. Para a vodka, por exemplo, são usados copos longos e finos, pois essa bebida é insípida por natureza. Já a cachaça, sendo uma bebida muito aromática, requer um copo de corpo largo para liberar os aromas e de boca fechada para reter os aromas e permitir a análise olfativa. Portanto, é importante escolher um copo levemente fechado na boca e de corpo amplo para auxiliar na expansão dos aromas durante a degustação.
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