A Tiquira é uma aguardente de mandioca, sendo muito apreciada e popular na região do Maranhão. A conquista do título de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial representa um reconhecimento importante para a tradição e valorização da cultura maranhense.
O II Festival Maranhense da Cachaça, Cultura e Gastronomia, além de destacar essa bebida típica, também promoveu diversos eventos e atividades relacionadas à culinária, música e dança locais. O governador Carlos Brandão ressaltou a importância de preservar e valorizar essas manifestações culturais, que contribuem para a identidade e orgulho do povo do Maranhão.
A celebração do reconhecimento da Tiquira como um Patrimônio Cultural Imaterial do Maranhão é uma prova da valorização desse produto como uma manifestação cultural. Além disso, essa designação implementa ações de preservação pelo governo do estado, assegurando a viabilidade e a perpetuação da produção da aguardente de mandioca.
A importância do registro da Tiquira é notável devido ao fato de que a fabricação artesanal desta bebida abrange conhecimentos ancestrais da comunidade maranhense, passados de uma geração para outra, desempenhando um papel crucial na preservação da identidade cultural do estado. Ademais, essa titulação contribui para fortalecer a cadeira produtiva da Tiquira, promovendo a proteção e preservação dos saberes tradicionais.
Tiquira, originário do cauim, uma bebida fermentada feita de mandioca, incorpora a influência dos povos indígenas em sua produção. Quando os europeus chegaram ao Brasil, foram introduzidas técnicas de destilação, transformando o cauim em tikira, que acabou se tornando a Tiquira, um líquido muito apreciado em todo o Maranhão. Inclusive, no linguajar indígena tikira significa “liquido que goteja”, como acontece com a precipitação do destilado que pinga das panelas de cobre usadas para a destilação da bebida.
A produção da Tiquira é espalhada por inúmeros municípios do Maranhão, seguindo um método artesanal peculiar. Durante esse processo, o amido da mandioca é transformado em açúcares através da fermentação por fungos autóctones, que se desenvolvem nos beijus feitos de massa de mandioca. A singularidade desse método é um elemento incomparável na culinária maranhense.
O destilado de mandioca se destaca por sua tonalidade púrpura (quando naturalmente se adiciona flores ou folhas de tangerina ao processo de destilação ou pelo uso de corantes) e sabor intenso, devido à alta concentração de álcool da bebida destilada. Esses aspectos despertam a curiosidade dos visitantes. A história da bebida é repleta de lendas, sendo a mais conhecida o aviso de que o consumidor deve evitar tomar banho após quatro doses, para evitar perda de memória.
No ano de 2012, Margot Stinglwagner deu início a sua jornada empresarial no setor de bebidas destiladas do Brasil, estabelecendo a marca pioneira de tiquira chamada Guaaja.
Um dos principais objetivos da Tiquira Guaaja é valorizar a rica herança brasileira e, ao mesmo tempo, introduzir um produto realmente diferenciado no mercado. É surpreendente o pouco conhecimento que até mesmo os habitantes locais têm sobre esse produto com tradições tão arraigadas.
A aguardente de mandioca é produzida tradicionalmente na região de Santo Amaro, no Maranhão, pela empresa Tiquira Brasil. Com sua sede em solo maranhense, a empresa preserva e promove a cultura e tradição da fabricação dessa bebida local.
Com o intuito de promover a preservação ambiental, a companhia opera em parceria com agricultores familiares da região, utilizando mandioca cultivada por eles. Esse compromisso auxilia no incentivo à sustentabilidade e no fortalecimento da agricultura local.
Depois de produzir tiquira, a destilação resulta em vinhoto, um subproduto que pode ser usado como adubo e suplemento alimentar para animais na cultura de mandioca.
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