O bartender Laércio Zulu é aquele tipo de gente que leva no sangue as raízes brasileiras. Povo criativo, trabalhador, que se desdobra em muitos para se emendar em algo maior. Assim ele o é, sendo consultor, chefe de bar, apresentador de um canal no Youtube, pai e agora sócio de um projeto que era um sonho pessoal: o Candeeiro Bar.
Localizado em uma simpática casa que traz na vista memórias de um bar pé na areia, na rua Doutor Melo Alves, o Candeeiro traz essa brisa do que há de melhor no Brasil. Inspirado na literatura de cordel e nos aromas e cores do Nordeste, o bar é fruto da sociedade entre Zulu e o empresário Milton Freitas, do Antonietta.
O nome inicial, sugestão de Zulu, era para ser Umbuzeiro – árvore resistente símbolo do nordeste que produz umbu, mas Freitas pensou em Candeeiro, que inclusive este nome já estava no radar fazia um tempo.
“Quando ele falou o nome Candeeiro, eu topei na hora, que é um nome que tem muito haver com a minha bagagem, com minha história, inclusive ajudava meu pai fazer candeeiro lá na roça”, pontua Zulu, que relembra as memórias de quando morava no interior da Bahia.
Para conhecimento, candeeiro é uma espécie de lampião feito artesanalmente muito comum em áreas mais afastadas, onde não tem luz elétrica disponível.
Com a intenção de construir a força da brasilidade raiz, toda o cardápio é baseado em coisas simples, gostosas e nacionais. A carta tem 70% dos coquetéis feitos com cachaça, como a ‘Maria Bonita’, que é feito com cachaça Tiê Prata, óleo essencial de laranja, purê de abacaxi e cozido de maracujá com casca de cajueiro, ou o ‘Xequerê’ feito com cachaça branca, cozido de maracujá com coco seco e pimenta, espumante e mel.
O já afamado ‘Banzeiro’, criação que acompanha Zulu, também se encontra na carta com o seu gosto inconfundível de cachaça envelhecida em amburana, limão, xarope demerara, toque de vinho e espuma gengibre.
“A cachaça é a estrela da carta, que tem ali também um pouquinho de rum, tequila e três marcas nacionais de gin, apenas. O Candeeiro tem essa pegada de bar brasileiro, com uma resistência da cachaça, e as pessoas tão entendendo e a identidade está se construindo”, relata Zulu.
No cardápio, os petiscos e pratos principais se baseiam na culinária brasileira, como o tradicional acarajé, feijoada e as moquecas de camarão e de palmito e banana da terra. Para sobremesa não poderia faltar aquele pudim de tapioca cremoso.
Para ressaltar ainda mais a nossa cultura, todo domingo, a partir das 17h, o bartender promove o ‘Boca da Noite’, que é uma programação onde grupos artísticos apresentam manifestações culturais de raízes africanas, como Tambor de Crioula.
Nascido no interior da Bahia, Laércio Silva (nome de batismo) começou a paquerar com a coquetelaria quando fez um bico em uma pousada em Taipu, no Rio Grande do Norte. Um belo dia um cliente falou que ele tinha pinta bartender e foi um estalo.
Zulu veio com mala e cuia para São Paulo, por volta dos anos de 2008, onde começou a fazer cursos. Começou a trabalhar em alguns bares, mas foi no Madeleine, um bar na Vila Madalena, que realmente começou a engrenar a carreira.
De lá para cá já passou por algumas casas de renome da coquetelaria paulistana e foi gestor por três anos do Grupo São Bento Gastronomia, além de consultorias para casas como Complexo Gastronômico Vista Ibirapuera, Tatá Sushi, Bar do Leo, Yang e Raiz bar.
Foi um dos primeiros no Brasil a desenvolver o próprio Bitter, o Zulu Bitter e com o conhecimento de plantas, frutas, raízes que adquiriu na juventude no sertão da Bahia, ampliou sua pesquisa Brasil afora e descobriu muitos sabores.
Esse conhecimento e a defesa da brasilidade na coquetelaria renderam a Zulu em 2014 o World Class da Diageo Brasil e palestras em eventos importantes do ramo, como Bar Convent Berlin e London Cocktail Week.
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