O biscoito de polvilho ou simplesmente biscoito (tudo o mais pra nós, mineiros, é bolacha!) é uma das minhas “quitandas” favoritas. Branquinho, super leve e crocantíssimo, é uma instituição da cozinha mineira, e muito conhecido em várias outras regiões do Brasil também. Quando meus pais compravam pra gente, o que não era muito comum, era uma festa! Chegava aquele pacotão de papel pardo da padaria, transbordando de biscoitinhos ainda quentinhos, recém-saídos do forno.
Até de biscoito murcho eu gostava! Já a Pompom, gata angorá que era o xodó da minha avó, só comia biscoito do dia – luxo que ela fazia questão de alimentar, pra desgosto e profundo ciúme de todos os netos (que, sem remédio, acabavam indo pr’um canto mordiscar os biscoitos de dias anteriores, morrendo de inveja!).
Além do biscoito branquinho e levíssimo, as padarias de Guaranésia vendiam outros tipos, como o biscoitão argolão, que era – como o próprio nome diz – um argolão do tamanho do rosto de uma pessoa, ou de uma criança (é assim que me lembro dele), “duro de roer”, mas cheio de sabor. Havia a versão doce e a salgada, minha predileta.
Mas o melhor biscoito, mesmo, era o biscoitão que essa minha mesma avozinha, Nica, fazia, muitas vezes assando-o no fogão de lenha. Apesar do “ão”, ele não era tão grande quanto o argolão, mas tão rústico quanto, tanto em sabor quanto em textura – um pouco por causa da farinha de milho. Esse, sim, dava gosto mordiscar, por muito e muito tempo, para que não acabasse nunca! Quando a gente ganhava um desses, até esquecia os privilégios da Pompom…
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