Nunca fui uma pessoa muito ligada em doces. Troco sem pensar duas vezes uma bandeja cheia de brigadeiros por uma única coxinha, ainda mais se for bem feitinha. Mas tem sempre aquelas sobremesas que nos cativam para toda a vida (sabe-se lá por que), e o manjar de coco com ameixa tem esse poder sobre mim. Desconfio que esse amor começou porque, em casa, a gente comia sempre doce de leite ou de frutas (goiabada, pessegada, doce de cidra, doce de laranja em calda, etc.) no dia-a-dia, feitos com o que vinha da roça. Eu não dava muito valor à época, só porque estavam sempre lá, disponíveis. Já o manjar era diferente: feito com leite de coco e ameixa, duas coisas vindas do supermercado, aquele lugar cheio de coisas diferentes que a gente queria experimentar, e não do quintal de casa. Era chique, e só para ocasiões especiais.
Hoje acho o manjar uma das sobremesas mais simples e fáceis de fazer. Ainda não sei o que me agrada mais nele: a cremosidade branquíssima e untuosa do manjar em si, o azedinho doce da calda de ameixa com cachaça, ou a mistura dos dois dentro da boca da gente: uma carícia, para os sentidos e para a memória.
Um dos segredos de um bom manjar é usar a quantidade correta de amido de milho, uma ciência meio complicada… Se for muito, vira uma borracha, se for pouco, o manjar desmorona ao ser retirado da fôrma. A maioria das pessoas não tem uma balança de precisão em casa (eu só tenho agora por causa do curso de gastronomia, porque também não tinha). Se você tiver uma, use. Caso contrário, preste bastante atenção na consistência do seu manjar a primeira vez que fizer e tome nota, para que possa fazer os ajustes necessários na próxima vez que preparar. Por esse mesmo motivo, é sempre bom usar a mesma marca de amido de milho, já que o grau de absorção pode variar de uma pra outra.
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