O que é gin?

  • Publicado 10 meses atrás

Com origens na Holanda no século XVI, o gin é produzido a partir de uma base alcoólica neutra que é destilada com a adição de botânicos, como zimbro, casca de laranja, coentro e cardamomo. Esses ingredientes conferem ao gin uma personalidade única, tornando-o uma escolha versátil para coquetéis clássicos e modernos. Neste artigo, abordaremos a história e o processo de produção do gin, além de apresentar algumas formas populares de apreciar essa bebida consumida ao redor do mundo.

Uma breve história do gin

A história do gin remonta ao século XVI, na Holanda, com a invenção do jenever. O jenever foi criado por destiladores holandeses que buscavam uma solução para melhorar o sabor e as propriedades medicinais dos destilados à base de grãos. Eles começaram a adicionar zimbro à bebida, o que resultou em um destilado aromático e agradável ao paladar.

moelen schiedam
Schiedam, na Holanda, um dos berços do jenever, bebida que deu origem ao gin que conhecemos hoje.

Inicialmente, o jenever era utilizado como remédio, acreditando-se que o zimbro tinha propriedades curativas. No entanto, seu sabor e popularidade rapidamente se espalharam, e a bebida tornou-se uma escolha comum entre os consumidores. O jenever foi trazido para a Inglaterra por soldados que lutaram na Guerra dos Oitenta Anos, no século XVII.

Na Inglaterra, o jenever passou por algumas transformações. O sabor original holandês era considerado muito forte, então os destiladores ingleses começaram a adicionar outros botânicos, como casca de laranja e coentro, para suavizar o sabor e torná-lo mais agradável. Foi nesse período que o termo gin começou a ser utilizado, derivado da palavra holandesa jenever.

gin craze

Durante o século XVIII, o gin ganhou enorme popularidade em Londres, principalmente entre as classes mais baixas. O consumo de gin tornou-se tão desenfreado que surgiu uma crise conhecida como Craze da Gin ou Gin Craze, onde o consumo excessivo da bebida levou a problemas sociais e sanitários. As ruas de Londres estavam repletas de destilarias ilegais e bares que serviam gin de qualidade duvidosa, muitas vezes diluído com substâncias prejudiciais.

Com o passar do tempo, o governo britânico tomou medidas para controlar o consumo excessivo de gin. Em 1751, foi aprovada a lei conhecida como Gin Act, que impunha altos impostos sobre a venda de gin e regulamentava a produção e venda da bebida. Essas medidas ajudaram a conter os problemas associados ao consumo indiscriminado de gin.

No século XIX, com o avanço da destilação industrial, a produção de gin tornou-se mais acessível e sofisticada. Foram desenvolvidas técnicas de destilação a vapor, que permitiam a extração de sabores mais sutis dos botânicos. O gin ganhou status de bebida refinada e elegante, sendo apreciado pela alta sociedade em coquetéis clássicos, como o martini.

Ao longo dos anos, o gin passou por diversas fases de popularidade e renascimento. No século XXI, houve um interesse renovado na produção artesanal de gin, com destiladores experimentando diferentes combinações de botânicos e técnicas de infusão para criar gins únicos e inovadores.

Hoje, o gin é uma das bebidas mais populares do mundo, apreciado por sua versatilidade e pelos sabores complexos que pode oferecer. Seja em coquetéis clássicos ou em combinações mais modernas, o gin continua a ser uma escolha sofisticada e atemporal. Sua história rica e sua evolução ao longo dos séculos contribuíram para seu status icônico e sua apreciação global.

ingredientes pra gin
Diferentes ingredientes para produção de gin, o zimbro é obrigatório.

Como é produzido o gin?

O gin é produzido através de um processo de destilação que envolve a infusão de botânicos em uma base alcoólica neutra. A base alcoólica pode ser feita a partir de grãos, como cevada, trigo ou milho, e é destilada para atingir um teor alcoólico elevado.

Após a destilação da base alcoólica neutra, os botânicos são adicionados. O ingrediente chave é o zimbro, que dá ao gin seu sabor distintivo. Além do zimbro, outros botânicos comumente utilizados incluem casca de laranja, coentro, sementes de anis e cardamomo. Esses botânicos são cuidadosamente selecionados para contribuir com diferentes sabores e aromas ao gin.

alembic botanicos

Os botânicos são adicionados à base alcoólica e deixados em infusão por um período de tempo, permitindo que os sabores e aromas sejam extraídos. Em seguida, a mistura é destilada novamente para refinar e concentrar os sabores. Durante esse processo, os vapores passam por um alambique, que separa as impurezas e ajuda a obter um gin de qualidade.

Depois da destilação, o gin é diluído com água para a redução do teor alcoólico e ajuste do sabor. Alguns produtores também adicionam açúcar ou outros ingredientes para adoçar ou realçar certos sabores.

É importante destacar que existem diferentes métodos e técnicas de produção de gin. Alguns produtores optam por macerar os botânicos diretamente na base alcoólica, enquanto outros utilizam um processo de vaporização. Cada método pode resultar em diferentes perfis de sabor e características distintas.

Os diferentes estilos de gin

Existem diferentes estilos de gin, sendo os dois principais o gin seco e o gin aromatizado. O gin seco é o estilo mais comum e é caracterizado por seu sabor limpo e nítido, com uma predominância do zimbro. Já o gin aromatizado é conhecido por sua variedade de sabores e é influenciado pelos botânicos adicionais utilizados em sua produção.

London Dry Gin:

Este estilo de gin é considerado um dos mais clássicos e populares. É fabricado pela primeira vez em Londres, o estilo se espalhou ao redor do mundo. Os London Dry possuem um sabor equilibrado, com destaque para os sabores de zimbro e cítricos. É ótimo para ser utilizado em coquetéis clássicos, como o Martini.

Plymouth Gin:

Originário da cidade de Plymouth, na Inglaterra, este estilo de gin é levemente doce em comparação com o London Dry Gin. É conhecido por seus sabores de ervas e notas de laranja. É um ótimo gin para ser apreciado puro.

oldtom
Durante o período de proibição durante o gin Craze, as pessoas criavam maneiras criativas de servir gin ilegal, como o estilo Old Tom através de uma parede falsa.

Old Tom Gin:

Este estilo de gin era popular na Inglaterra durante o século XIX e recentemente teve um ressurgimento na indústria de gin artesanal. O Old Tom Gin é mais doce que o London Dry Gin. O açúcar era adicionado para melhorar a qualidade da bebida, que tinha um sabor agressivo pela baixa qualidade da base alcoólica. Atualmente, o estilo continua levando mais açúcar, mas agora preparado com qualidade e se tornando uma ótima opção para quem gosta de gin com um toque mais adocicado.

Genever:

Considerado o precursor do gin moderno, o Genever é originário dos Países Baixos e possui um sabor mais maltado e complexo. É destilado a partir de uma mistura de destilado de malte, destilado de grãos neutros e extratos de ervas. É um gin versátil que pode ser apreciado puro ou em coquetéis.

Sloe Gin:

Diferente dos outros estilos mencionados, o Sloe Gin é uma infusão de gin com ginjas, uma fruta semelhante à ameixa silvestre. Possui um sabor adocicado e frutado, com notas suaves de amêndoas. É ótimo para ser utilizado em coquetéis mais frutados e refrescantes.

New Western Dry Gin:

Este estilo de gin se diferencia dos demais por dar mais ênfase aos sabores botânicos além do zimbro. Possui uma abordagem mais criativa e inovadora, incluindo ingredientes como pepino, pimenta-rosa, coentro e outros. É uma ótima opção para quem busca sabores mais complexos e únicos.

Esses são apenas alguns dos principais estilos de gin disponíveis atualmente. Cada um possui características distintas e é adequado para diferentes paladares e preferências. A diversidade de estilos permite a exploração e criação de uma infinidade de coquetéis e combinações.

Os principais coquetéis que levam gin

Uma das formas mais populares de consumir gin é em uma gin tônica. Essa combinação clássica consiste em gin, água tônica e uma fatia de limão ou lima. A gin tônica é bastante refrescante e o zimbro do gin combina perfeitamente com o amargor da água tônica.

Além da gin tônica, o gin é frequentemente utilizado como ingrediente em coquetéis. Um exemplo icônico é o gimlet, que é feito com gin, suco de limão e xarope de açúcar. Outro exemplo é o martini, que pode ser feito com gin e vermute seco. O gin também é utilizado em diversos outros coquetéis clássicos, como o negroni e o gimlet.

Coquetel com gin: negroni
Coquetel com gin: 1/3 de gin, 1/3 de vermute tinto, 1/3 de Campari

A popularidade do gin tem crescido nos últimos anos, com o surgimento de uma nova geração de destiladores de gin artesanal. Essa nova onda de gin tem levado a uma explosão de variedades e sabores, com destiladores experimentando diferentes botânicos e técnicas de infusão para criar gins únicos e interessantes.

Além disso, o gin também tem se beneficiado do renascimento do coquetel clássico e do interesse crescente em destilados artesanais. Hoje em dia, é comum encontrar bares especializados em gin, que oferecem uma ampla seleção de marcas e estilos para os apreciadores da bebida.

No entanto, o gin também deve ser consumido com moderação, já que é uma bebida alcoólica. O consumo excessivo de gin pode levar a problemas de saúde, como dependência alcoólica e danos ao fígado.

Alguns produtores de cachaça que estão produzindo gin

O rápido aumento das marcas de gins brasileiros têm uma justificativa: já existe no Brasil uma grande quantidade de produtores de destilados artesanais, os produtores de cachaça. Com a demanda por gin no Brasil, os produtores de cachaça começaram a delegar parte da sua capacidade produtiva para o preparo do destilado com zimbro. Abaixo, alguns destilarias que estão inovando criando suas próprias receitas de gin.

Fazenda Guadalupe: Gin Virga e Gin Astor

Na Fazenda Guadalupe, em parceria com a empresa Espíritos Brasileiros, foi produzido o primeiro gim artesanal brasileiro, Virga, receita que leva zimbro, sementes de coentro, sementes de pacová e um blend de cachaça armazenada em jequitibá-rosa produzido no local. Se especializando na produção do destilado com zimbro, na Fazenda Guadalupe também são produzidos outros gins, como o London Dry para a rede de bares Astor.

Astor Virga com coqueteis

Princesa Isabel: Gin Mar

Em parceria com o inglês Peter Margree, mestre destilador do St. Giles Gin, os produtores da cachaça Princesa Isabel criaram o primeiro gin capixaba, o gin Mar.

gin mar

Weber Haus: Gin Weber Haus

A destilaria Weber Haus em Ivoti, no Rio Grande do Sul, destila entre 180 mil e 200 mil litros de cachaça para as marcas Weber Haus, Lundu, Velho Pescador, Leandro Batista, Umas e Outras e Yaguara, da Carmosina. Além de gins, licores e outros destilados. Famosa pela sua cachaça envelhecida em amburana, a destilaria gaúcha também apresenta um gin infusionado com lascas da madeira amburana.

weber haus gins

Mato Dentro: Gin At Five

A Mato Dentro criou uma linda história como uma das principais marcas de cachaça do Vale do Paraíba. A tradicional destilaria paulista, vem tomando algumas práticas para inovar na identidade visual e também nas práticas de produção. Além das já famosas cachaças e licores, as panelas de cobre da Mato Dentro também destilam o London Dry do gin brasileiro At Five.

at five gin

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