A sua infância tem um sabor? A minha teve não um, mas vários! Boa parte das lembranças que tenho estão de fato relacionadas com algo que era preparado pela minha mãe ou pela minha avó materna com quem tive mais contato. E se eu fechar bem os olhos ainda consigo viajar no tempo e os aromas que sentia naquela época parecem invadir o lugar onde estou. Pra mim não há nada mais reconfortante do que reviver estes sabores e também aqueles momentos.
Conto com a sorte de ter a minha mãe por perto e poder, sempre que me dá aquela sensação de saudade, pedir alguns destes pratos, e muitos deles eu ainda não aprendi a fazer e é aí que eu entro com aquela voz manhosa dizendo… “Mãe faz aquele doce pra mim por favor?”. E você sabe né? Mãe é mãe, e claro que ela sempre prepara.
Desta vez não podia ser diferente, mas a desculpa foi que eu queria aprender a receita, o que não deixou de ser verdade. Mas como hoje em dia a comunicação está mais moderna fiz aquele dengo todo por e-mail mesmo e eis que alguns dias depois estávamos juntas, na casa da minha dela, preparando a famosa receita de gelatina de pinga, e claro dando boas risadas relembrando o tempo em que eu e minha irmã ficávamos aguardando a receita ficar pronta para ajudá-la a envolver os docinhos no açúcar, tarefa que adorávamos fazer.
Mas aí você pode se espantar e me perguntar: “Pera aí, é uma receita de gelatina de pinga e vocês serviam isso em festa de criança??? (risos). Sim, e podem ficar tranquilos, porque apesar de ser um doce feito com um ingrediente alcoólico, ele sempre esteve presente em nossas festinhas e fazia a alegria não só das crianças, mas também a dos adultos, porque afinal todo o álcool evapora, deixando apenas aquele sabor delicioso. Isso acontece porque o ingredientes são levados ao fogo até a água ferver. O ponto de ebulição da água é maior que o do álcool, o que significa que quando a água ferve o álcool já se evaporou completamente.
A receita de gelatina de pinga, que minha mãe aprendeu há mais de 30 anos em um curso, foi a responsável inclusive, por complementar a renda da família por um bom tempo. Naquela época em que a nossa situação financeira deu uma complicada, minha mãe preparava as gelatinas, embalava e vendia em um lugar muito conhecido em Campo Grande – MS onde morávamos, chamado Casa do Artesão.
Quantos momentos especiais relembramos juntas neste dia e como foi bom poder fazer isto com a minha querida mãe! E pensando nisso cheguei a uma conclusão: não tenho dúvidas de que por trás de toda receita existe uma boa história. Esta é a minha receita de gelatina de pinga… qual será a sua?
Para essa receita, escolhemos a cachaça Mato Dentro Prata de São Luis do Paraitinga. Mas vale ressaltar que o uso de diferentes cachaças pode ter um impacto significativo no sabor da receita de gelatina de pinga. Cada cachaça tem seu próprio perfil de sabor, que é derivado do tipo de cana-de-açúcar usado na produção, do processo de destilação e do envelhecimento. Por exemplo, uma cachaça branca, sem passar por madeira, tende a ter um sabor mais suave e adocicado de derivados da cana-de-açúcar, enquanto uma cachaça envelhecida em barris de madeira, dependendo do tipo de madeira, pode adicionar notas de baunilha, carvalho e especiarias à gelatina de pinga.
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