Amburana, imburana, umburana ou até mesmo cerejeira e cumaru-do-ceará, são esses os nomes populares da Amburana cearensis, espécie da flora brasileira muito usada na produção de barris, dornas e tonéis para envelhecer bebidas, principalmente nossa querida cachaça.
Além de ser a segunda madeira mais utilizada no envelhecimento de cachaça, atrás somente do carvalho, a amburana também tem sido usada no envelhecimento de rum, whisky e cervejas. Podemos dizer que de todas as madeiras da nossa flora, é aquela que mais se popularizou no mundo das bebidas alcoólicas.
A amburana é rica em cumarina, composto que traz características sensoriais de baunilha e especiarias, com aromas de cravo e canela. Algumas cachaças, geralmente as mais envelhecidas, trazem um particular cheiro que chamamos carinhosamente de “armário de vó”. O perfil sensorial depende do volume do barril, tempo de maturação, se a cachaça foi armazenada ou envelhecida, se o barril passou ou não por tosta, e claro, das intenções do mestre de adega.
Por conta do extrativismo intenso ao longo de vários anos, a espécie corre risco de ser extinta, de acordo com a IUCN (União Internacional para a Conversação da Natureza e dos Recursos Naturais). É importante ressaltar a importância do manejo sustentável e a valorização dos tanoeiros e produtores de cachaça que utilizam a madeira de forma consciente.
Vamos então ao que interessa! A seguir, apresentamos diferentes estilos de cachaças que passam por barris ou dornas de amburana para você começar a explorar os aromas, sabores e sensações dessa deliciosa madeira brasileira.
Para começar nossa seleção escolhemos uma cachaça que traz a amburana em harmonia com a cachaça branca, não carregando tanto as características da madeira.
A Arbórea Amburana passa por 6 meses em dornas de amburana de 700 litros, a classificando como uma cachaça armazenada. Ela entra na dorna com 52% de álcool, e depois de sair da madeira, ela é padronizada com água e cachaça branca até chegar aos 39%.
Por ficar menos de um ano na madeira e, principalmente, por conta da diluição com cachaça branca, a Arbórea Amburana apresenta um equilíbrio entre os sabores da cana-de-açúcar e das características da amburana.
Sensorial: Floral, bala de caramelo, leve baunilha. É uma cachaça delicada e suave. Funciona bem em coquetéis refrescantes.
A cachaça Weber Haus Amburana passa por um ano em dornas de amburana de 700 litros, a classificando com uma cachaça envelhecida. A produção é um blend de dornas novas e dornas antigas de amburana.
A cachaça sai do barril com 40% e é diluída com água para chegar aos 38% de álcool. A pouca diluição e o tempo de maturação em barris menores faz da amburana a grande protagonista dessa cachaça.
Esse perfil de amburana mais doce, intensa em sabor amadeirado e amena em teor alcoólico, virou marca registrada das cachaças gaúchas envelhecidas nessa madeira brasileira – as mesmas características sensoriais podem ser encontradas em outros produtores da região, marcando um estilo local e se distanciando das amburanas mineiras.
Sensorial: Castanha, baunilha, adocicado. Uma amburana mais pesada e presente. Recomendamos para acompanhar sorvete de creme.
A famosa Claudionor é símbolo de Januária, cidade que já foi um grande polo produtor de cachaça. Produzida desde 1925 por Claudionor Carneiro e sua esposa Joventina Carneiro, a princípio era vendida em garrafões e dornas para comerciantes e barqueiros que navegavam pelo rio São Francisco.
A Claudionor é exemplo de cachaça estandartizada, ou seja, a fermentação e destilação são feitas numa unidade parceira e os produtores da Claudionor têm o papel de padronizar e engarrafar a bebida. A amburana aqui é fundamental para a definição do padrão e perfil sensorial da cachaça.
Para a fabricação da cachaça, a Claudionor tem uma parceria exclusiva com um produtor local, neto do mesmo cachaceiro que sempre forneceu cachaça para a família Carneiro. Na receita, segue a tradição do norte de Minas Gerais ao fazer uma fermentação natural por leveduras selvagens e preparar o pé de cuba com fubá de milho.
Depois da destilação em alambique de cobre, a cachaça é levada para o galpão de armazenamento da Claudionor, onde é estandardizada em dornas de amburana de 1500 a 6 mil litros e depois engarrafada.
Sensorial: Apesar do teor alcoólico forte, o álcool não se destaca muito no nariz – aparece mesmo na boca, mas não prejudica a degustação; aroma vegetal, cana, melado. Por conta dos barris antigos e de grande volume, o destaque sensorial é da cachaça branca. Na boca, picante como canela e sutil medicinal
A Princesa Isabel inova na forma de envelhecer a bebida trazendo a técnica chamada de envelhecimento sequencial, quando a mesma cachaça passa por madeiras distintas ao longo dos anos. Essa técnica se distingue da blendagem tradicional, quando cachaças envelhecidas em diferentes barris são então misturadas para compor uma nova bebida.
Apesar de levar a amburana no nome e ter na madeira brasileira a grande protagonista, essa versão da Princesa Isabel tem a contribuição de três madeiras distintas.
O início dessa história começa em dornas de jequitibá-rosa de 5 mil litros, onde a cachaça fica por 3 anos. Depois é levada para barris de amburana sem tosta de 300 litros onde fica por mais 18 meses. Por fim, é maturada por 6 meses em barris de carvalho americano de 200 litros.
Sensorial: É perceptível a presença da cachaça branca e do carvalho, mas o destaque fica com a amburana, que rouba a cena (e por isso leva destaque no rótulo). Presença de melaço, cravo e canela. Cachaça doce, mas não enjoativa. Potente. A cachaça casa muito bem com morangos.
A Gatinha é um blend tradicional de cachaça envelhecida por 4 anos em barris de carvalho francês, cachaça envelhecida por 4 anos em barris de carvalho americano e cachaça armazenada por 3 anos em tonel de amburana (8000 litros). Para padronização do teor alcoólico, o blend é finalizado com cachaça prata (armazenada em tanque de inox por 1 ano).
Sensorial: A Gatinha apresenta vários aromas e sabores ao longo da degustação. O que aparece no início é a cana, com o vegetal típico da cachaça prata, seguido dos carvalhos, com baunilha e caramelo, e no final fica o adocicado da amburana. Nesse blend, a amburana é coadjuvante, ajudando a dar cor, corpo, equilíbrio e excentricidade ao tradicional carvalho, madeira que aparece em maior destaque nessa gostosa combinação.
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