Há dez anos, a Fazenda Ouro Verde oferece aos visitantes uma visão da generosidade da Zona da Mata mineira. Emoldurada pela Serra do Relógio, suas montanhas verdes abrem espaço para um dos mais modernos alambiques da região. A cena é de encher os olhos.
Estamos em Guarani, há 72 quilômetro de Juiz de Fora, Minas Gerais. A cidade de oito mil habitantes, que dá nome ao Alambique Guarani, no Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas e recentemente adicionada à mais nova rota turística e cultural do país, a Via Liberdade, é a sede da Cachaça Dom Bré e sua linha irmã, a Cachaça Costa Rica.
Para brindar uma década de destilação, comemorado em 2023, o Alambique Guarani garantiu um pequeno estoque para criar um lote exclusivo. A primeira safra de cachaça produzida na propriedade foi guardada em tonéis de carvalho francês. Após 10 anos de descanso na adega no subsolo do alambique, o resultado brinda as Bodas de Zinco da marca.
A Cachaça Dom Bré Extra Premium 10 anos é descrita por seus produtores como a expressão de equilíbrio e suavidade. Seu perfil de sabor untuoso tem notas de baunilha de grande presença na boca. Ao contrário de seu paladar abundante, o número de exemplares é escasso. Apenas 510 unidades foram envasadas, tornando ainda mais preciosa essa joia da coroa.
Geraldo Magela Neves e a esposa Seila Neves são os produtores da Cachaça Dom Bré. Desde 2013, o casal trabalha na produção rural da Fazenda Ouro Verde – predominantemente voltada à pecuária de gado leiteiro.
Desde o início, o casal decidiu instalar a produção de cachaça de forma sustentável, seguindo as melhores práticas de fabricação e buscando com esmero um padrão próprio de controle de qualidade. A formação do casal na área de alimentos é destacada.
Dentre as certificações, a Cachaça Dom Bré possui o Selo de Qualidade Anpaq, o selo Certifica Minas e o selo kosher, que torna os alimentos e bebidas aptos para consumidores judeus.
O desejo de empreender em cachaça veio nas conversas com os amigos. Lá no começo, o mais difícil, lembra o Magela Neves, foi arranjar nomes que condissessem com a qualidade projetada e concebida, quando a fabricação ganhou dimensão comercial. “Nome é uma coisa danada de se arrumar”, assinala o produtor.
Como bons mineiros que defendem suas origens e tradições, o caminho foi homenagear, primeiro a cidade onde estão instalados, por meio do nome do Alambique Guarani. Na sequência, vieram as marcas. A Cachaça Costa Rica, linha econômica da empresa – que possui a mesma origem e qualidade produtiva -, recorda o nome de outra fazenda da família, localizada aos pés da Pedra do Relógio, monumento natural e ponto turístico da cidade.
A Cachaça Dom Bré, por sua vez, teve uma origem um pouco diferente. O nome da marca premium da cachaçaria, que se diferencia pelo tempo de armazenamento e envelhecimento das cachaças e a apresentação do produto, é um tributo ao percussionista Bré Rosário, grande amigo do casal.
A Cachaça Dom Bré tem uma produção anual de 40 mil litros e foi adicionada, em 2020, à rota turística Via Liberdade, que conecta o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal. A destilaria é aberta à visitação e os anfitriões gostam de receber os viajantes abrindo as portas do alambique e mostrando cada parte do processo produtivo.
“Buscamos mostrar que a cachaça possui tanto uma história cultural quanto econômica para o país. Aperfeiçoamos a visita nos últimos anos e vimos o fluxo de pessoas aumentar de forma representativa”.
Geraldo Magela
Hoje, o turismo movimenta as vendas do Alambique Guarani no varejo, sendo responsável por 25% a 30% do faturamento do negócio, segundo os produtores.
No passeio, os visitantes conhecem desde as técnicas de plantação até os métodos que garantem a sustentabilidade do negócio. A cana de açúcar é plantada e colhida localmente. O equipamento de destilação da cachaça é aquecido por vapor da queima do bagaço da cana. E tudo é reaproveitado na propriedade: Da água que limpa os equipamentos, a cada batelada, ao bagaço da cana.
O que não alimenta a caldeira vai para a compostagem e volta para o campo. O vinhoto, resíduo da fermentação do caldo de cana, também aduba a terra, retornando ao solo os nutrientes cedidos à plantação e ao pasto. O corte da cabeça e cauda, partes da destilação da cachaça não indicadas para o consumo, se transformam em etanol que movimenta os veículos e equipamentos da fazenda.
Mas é na adega que está o charme do passeio, com um corredor extenso de barris de carvalho, além de grandes tonéis de jequitibá e amburana. O coração do processo de envelhecimento é a parte que mais encanta quem visita o Alambique Guarani. As visitas guiadas acontecem às sextas e sábados, às 11h, 13h e 15h, e podem também ser realizadas em outros dias da semana, mediante agendamento.
“Nosso controle de qualidade é rigoroso. Levamos à sério a padronização de qualidade e não abrimos mão de alguns procedimentos, como o corte reduzido da cabeça e cauda”,
comenta Magela Neves
Antes de enviar a produção para os barris e tonéis, a cachaça, produzida ao longo de uma semana, ainda é degustada por uma equipe exigente. “Queremos ser reconhecidos por mantermos um produto sempre constante ao paladar das pessoas”, complementa o produtor.
Além da Dom Bré Tradicional, com passagem de um ano em Inox, e Dom Bré Carvalho, com três anos de envelhecimento, somam-se à família premium do Alambique Guarani as versões da Cachaça Dom Bré armazenadas em amburana e jequitibá-rosa, que recebem finalização em garrafas importadas com rolhas de madeira e embaladas em caixa especial. A linha de cachaças Costa Rica pode ser encontrada nas versões armazenadas por um ano em carvalho, jequitibá-rosa e amburana.
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