Em Coronel Xavier Chaves, uma pequena e acolhedora cidade na Estrada Real, entre os famosos destinos de Tiradentes e São João del-Rei, a cultura da cachaça pulsa forte. Este é o lar não apenas da Século XVIII, um dos alambiques mais antigos do Brasil, mas também de uma geração de produtores que honram o passado enquanto abraçam o futuro. A Destilaria Jacuba, liderada por Leonardo Campos e seu filho Victor, é um exemplo dessa fusão, oferecendo uma experiência que une um destilado de qualidade a um turismo imersivo.
O nome “Jacuba” é uma homenagem à própria essência do Brasil. Do tupi-guarani, significa “água quente”, uma referência direta ao processo de destilação. Mas a palavra também batizava um pirão energético de farinha, cachaça, açúcar e mel, o sustento dos antigos mateiros que desbravaram as florestas. Essa dualidade de força e calor define a alma da cachaça.
A marca está fincada em um terroir histórico. Coronel Xavier Chaves, com suas paisagens serranas e uma charmosa igreja de pedra de 1717, é um capítulo vivo da história da cachaça. A lenda local conta que o próprio Tiradentes pediu uma dose da aguardente produzida nessas terras antes de sua execução, um testemunho do profundo vínculo da bebida com a identidade mineira.
À frente da Destilaria Jacuba estão Leonardo Campos e seu filho, Vitor. Eles personificam a hospitalidade mineira e a paixão pela produção de cachaça. Mais do que produtores de aguardente, eles são anfitriões que abriram as portas de sua propriedade para compartilhar seu conhecimento e seu amor pelo ofício. A filosofia de trabalho da família é clara e se reflete em cada detalhe da experiência que oferecem.
“Nosso diferencial é oferecer qualidade, higiene e atenção aos hóspedes, unindo produção de cachaça e turismo.”
Leonardo Campos
A riqueza da cachaça em Coronel Xavier Chaves se manifesta em suas diferentes expressões. A Cachaça Século XVIII é um tributo à receita histórica, enquanto a Destilaria Jacuba é um exemplo de modernidade e inovação. Não se trata de uma questão de certo ou errado, mas da celebração da diversidade: cada método de produção revela uma personalidade única, resultando em um leque de aromas e sabores que prova a versatilidade e a complexidade da cachaça.
A Destilaria Jacuba se destaca pela estrutura moderna e pelo uso de tecnologias de ponta, sem abrir mão do cuidado artesanal. Com 20 hectares de cana cultivados na própria fazenda, a produção anual chega a 20 mil litros, utilizando leveduras selecionadas (CA-11) para garantir um perfil de fermentação consistente e de qualidade. A marca oferece duas linhas principais: Jacuba e Beata, ambas com versões Prata e Ouro.
A Jacuba Ouro é a expressão mais emblemática do alambique, um rótulo que concentra elegância e precisão da fermentação e envelhecimento. Com 90% do seu lote envelhecido por três anos em carvalho americano, entrega um perfil bem resolvido, no qual a madeira atua como elemento de estrutura, sem se sobrepor à identidade da cachaça branca.
No copo, apresenta coloração dourada clara, com lágrimas lentas que revelam boa textura. No nariz, o conjunto é adocicado e limpo, com notas marcantes de coco e baunilha, típicas do carvalho americano, integradas de forma harmoniosa. Em boca, mostra-se macia e equilibrada, com acidez moderada que sustenta o frescor. O final é de média persistência, levemente adocicado, com um toque sutilmente picante.
A destilaria está localizada no Hotel Fazenda Bela Vista, uma propriedade a apenas 2 km do centro da cidade que oferece uma imersão completa no mundo da cachaça. A estrutura convida ao descanso e ao lazer, com lagoas, piscina, quadra de tênis, restaurante e 19 apartamentos confortáveis.
Os visitantes podem conhecer de perto todas as etapas da produção, desde o canavial até o engarrafamento, em uma visita guiada que culmina em uma degustação gratuita. A localização é estratégica, integrando a Trilha dos Inconfidentes e o Caminho de São Tiago, tornando-se uma parada obrigatória para quem explora a região.
O Mapa da Cachaça é um projeto cultural e educativo criado com o objetivo de divulgar e valorizar a cachaça, que é um patrimônio cultural e um dos símbolos da identidade brasileira.
