A história da Ypióca, uma das marcas de cachaça mais tradicionais do Brasil, começa em 1843, quando o jovem português Dario Telles de Menezes chegou ao Ceará. Aos 17 anos, ele desembarcou em Fortaleza, trazendo consigo um pequeno alambique de cerâmica e a determinação de prosperar em terras brasileiras. Dario estabeleceu-se próximo à Serra de Maranguape, em uma propriedade semiabandonada chamada de Ypióca, um termo tupi-guarani que significa “terra-roxa”.
Em 1846, Dario destilou o primeiro litro de cachaça Ypióca, utilizando métodos artesanais que combinavam uma moenda de madeira rudimentar e o alambique trazido de Portugal. A produção, embora limitada, era o resultado de um trabalho árduo e constante. O processo envolvia a moagem manual da cana-de-açúcar e a destilação cuidadosa, seguida do armazenamento em barris de madeira. A distribuição era igualmente simples: a cachaça era transportada em ancoretas no lombo de jumentos para ser vendida a granel nas comunidades vizinhas.
Dario liderou o empreendimento por 52 anos, período em que aprimorou a produção da cachaça e enfrentou os desafios de uma região em desenvolvimento. Em 1851, ele formalizou a compra da propriedade Ypióca e, em 1874, casou-se com Dona Emília Roza Borges, com quem teve dois filhos. Sua dedicação ao negócio estabeleceu as bases para o crescimento da marca, que se consolidou como uma referência na produção de cachaça artesanal.
Em 1895, a Ypióca passou para as mãos de Dario Borges Telles, filho de Dario Telles de Menezes. Sob sua liderança, a empresa passou por uma modernização significativa. A aquisição de um engenho de ferro fundido permitiu o aumento da capacidade produtiva, e a cachaça, antes vendida a granel, começou a ser engarrafada manualmente em recipientes de 600 ml. Após a morte prematura de Dario Borges, sua esposa, Dona Eugênia Menescal Campos, assumiu a administração da empresa, demonstrando grande habilidade e perseverança ao longo de 13 anos.





Com a chegada da terceira geração, liderada por Paulo Campos Telles, a cachaça Ypióca entrou em um novo período de expansão e inovação. Em 1931, a produção alcançou um recorde de 120 mil litros de cachaça por ano, e em 1968, Paulo realizou a primeira exportação da marca para a Alemanha, marcando o início da presença internacional da Ypióca. Paulo foi um pioneiro no marketing da cachaça, desenvolvendo rótulos e slogans que ajudaram a popularizar a marca no Brasil e no exterior.
A quarta geração, representada por Everardo Ferreira Telles, continuou a trajetória de crescimento da cachaça Ypióca. Desde 1970, Everardo liderou a diversificação das atividades da empresa, investindo em novas destilarias e expandindo para outros setores, como embalagens e água mineral. Sob sua liderança, a Ypióca tornou-se uma das marcas mais reconhecidas de cachaça no mundo, consolidando sua presença no mercado internacional.
Em 2012, a Ypióca deu um passo significativo ao ser adquirida pela Diageo, uma das maiores empresas de bebidas alcoólicas do mundo. A Diageo pagou US$ 453 milhões (cerca de R$ 900 milhões na época) pela marca brasileira, atraída pelo sólido posicionamento da Ypióca no mercado e seu controle rigoroso de toda a cadeia produtiva.
A aquisição destacou a importância da cachaça como um símbolo do “estilo de vida brasileiro” no cenário internacional e reforçou a presença da Diageo no mercado brasileiro, especialmente em um momento em que o país se preparava para sediar grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Com essa aquisição, a Ypióca solidificou sua posição como uma das principais marcas de cachaça do mundo, mantendo viva a tradição iniciada por Dario Telles de Menezes quase dois séculos atrás.
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O Mapa da Cachaça é um projeto cultural e educativo criado com o objetivo de divulgar e valorizar a cachaça, que é um patrimônio cultural e um dos símbolos da identidade brasileira.