João Mendes: cachaça, família e turismo no sul de Minas

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Conheça a história da Cachaça João Mendes e o potencial turístico de Perdões (MG), com seus alambiques, sabores regionais e a Represa do Funil.


A história da João Mendes

A história da Cachaça João Mendes é, antes de tudo, uma história de dedicação familiar e amor pela produção artesanal de cachaça. No sul de Minas Gerais, às margens da Rodovia Fernão Dias, a trajetória da marca começou de maneira simples, quando o produtor João Mendes decidiu transformar um pequeno alambique improvisado em um projeto de vida. O café era então o sustento da propriedade, mas, com as mudanças no mercado nos anos 1980, João encontrou na cachaça um novo caminho — não apenas econômico, mas emocional. Produzir cachaça era mais do que um ofício: era um prazer que dava sentido ao dia a dia.

Quatro décadas depois, o que começou como um pequeno alambique familiar se transformou em uma cachaçaria estruturada, reconhecida na região e querida pelos visitantes. A paisagem que recebe quem chega ao local traduz bem esse espírito: fácil acesso, canaviais ao fundo, o aroma da fermentação e do vapor dos alambiques preenchendo o ar. Esse conjunto desperta imediatamente a sensação de estar em um território onde a cachaça não é apenas bebida, mas cultura mineira viva.

A fazenda mantém até hoje práticas que reforçam sua identidade artesanal. A cana é plantada em várias variedades e cortada manualmente. O caldo passa por filtração antes da fermentação natural com leveduras selecionadas. Os cinco alambiques de cobre, com capacidade de 5.000 litros cada, são aquecidos a vapor e higienizados diariamente, garantindo a precisão dos cortes e a constância sensorial dos lotes.

Após o falecimento de João Mendes, há 14 anos, seu filho João Geraldo assumiu a liderança do negócio, preservando as técnicas aprendidas e modernizando processos sem perder a essência do pai.

Mas o que mais surpreende na visita ao alambique é perceber o seu potencial como experiência turística. A estrutura foi se moldando ao longo do tempo para receber quem deseja conhecer de perto a produção da cachaça. A pequena loja da propriedade reúne produtos artesanais e peças decorativas locais, e o ambiente convida o visitante a desacelerar, sentir os aromas, ouvir as histórias e entender a relação íntima entre a bebida e quem a produz. Essa vivência lembra, em muitos aspectos, o enoturismo: barris expostos, ambiente acolhedor, conversas longas e o encanto de ver, cheirar e provar algo feito ali mesmo.

O entorno amplia ainda mais esse potencial. A cerca de sete quilômetros da propriedade está a Represa do Funil, parte do Lago de Furnas, um dos pontos naturais mais belos da região. Suas águas azuis refletem as montanhas e oferecem um complemento ideal para quem deseja transformar a visita à João Mendes em um passeio completo pelo sul de Minas. Perdões, conhecida como “cidade da amizade”, reforça esse clima. Com seu povo acolhedor e tradição rural, a cidade é porta de entrada para experiências que combinam gastronomia, natureza e histórias de família.

A cultura mineira, com seus cafés, queijos e doces, aparece naturalmente na região, enriquecendo a jornada de quem busca conhecer os caminhos da cachaça. E para quem estende o passeio até Lavras, uma parada recomendada pelos próprios produtores é o Bar da Célia, referência gastronômica local e ponto de encontro de sabores e afetos mineiros.

Assim, visitar o alambique João Mendes é compreender na prática como a cachaça pode se tornar vetor de turismo rural, identidade regional e desenvolvimento local. É uma experiência que une história, técnica, hospitalidade e território — os pilares que fazem de Minas Gerais um dos grandes centros produtores e turísticos do país no universo da cachaça.

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O Mapa da Cachaça é um projeto cultural e educativo criado com o objetivo de divulgar e valorizar a cachaça, que é um patrimônio cultural e um dos símbolos da identidade brasileira.